Há algum tempo, as Sociedades Europeia e Americana, endossadas pela Sociedade Brasileira de Infectologia, lançaram um alerta para condutas médicas estabelecidas há muito tempo, que vêm trazendo prejuízos à população e portanto precisam de mudanças e atualizações urgentes. É sobre o uso indevido de antibióticos (principalmente Cipro, Nor e Levofloxacinas) para tratar infecções urinárias de repetição.
O uso frequente dessas drogas vem trazendo aumento nos casos de tendinites, alterações do estado mental e alterações graves da microbiota intestinal, além da resistência cada vez maior das bactérias, levando ao aparecimento de superbactérias, para as quais não há tratamento.
Os antibióticos são sim extremamente importantes e úteis em infecções mais graves e pontuais e por isso mesmo o uso não deve ser banalizado. Se a classe médica e a população não se conscientizarem logo sobre esse perigo, em pouco tempo não haverá tratamento eficiente para infecções que realmente necessitam ser tratadas e as pessoas poderão até morrer por isso! Entende a gravidade da situação?
ATENÇÃO! Bacteriúria assintomática (presença de bactérias na urina sem sintomas) não deve ser tratada com antibióticos (com exceção das gestantes, que devem sim tratar). Já disse, mas vou repetir: urina turva e mal cheirosa, barriga estufada e dor discreta ao urinar não são sintomas que indiquem o uso de antibióticos, mesmo com exame de urocultura positivo.
No próximo post, explicarei melhor sobre as possíveis estratégias para tratamento de infecções urinárias de repetição. Por enquanto, peço de coração que nos ajude a disseminar essa informação tão importante. Infelizmente os antibióticos ainda são indevidamente prescritos nesses casos, principalmente em pronto socorro.
Dra. Patricia Valentini de Melo
Idealizadora da Choice Medicine, é formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e especialista em mastologia, ginecologia e obstetrícia.
Choice Medicine
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